Naquele país longínquo, uma grave crise econômica se abateu e todos sofreram suas consequências. Muitos perderam o emprego que garantia o pão de todos os dias e o pagamento das contas. Era o caos.
Entretanto, a vida tinha de continuar. Sofia e Hélder juntaram as poucas economias e enxergaram uma oportunidade de aumentar o faturamento e a felicidade. Começaram a fazer chocolates caseiros. Chocolates finos e saborosos. Embalagem impecável nos seus traços artesanais, criada por um profissional do bairro, sempre empenhado em fazer o melhor. Acabamento idem.
Junto de cada item entregue ao consumidor, lá estava um pequeno folheto, nada pretensioso, escrito por um redator. Seu papel: agradecer a decisão de compra e contar alguns detalhes sobre a produção esmerada daquela iguaria, que conquistava o bairro e vencia suas fronteiras.
Outras pessoas fizeram o mesmo, copiando aqui e ali. Havia espaço para todos, mas aquele casal já estava posicionado na mente dos seus clientes como os originais. Os primeiros. Ponto para eles.
O tempo continuou sua trajetória. A crise perdeu força. A indústria retomou a produção e o comércio reviveu os tempos em que as vendas aconteciam naturalmente, abastecendo todas as classes sociais.

A palavra “desemprego” ficou bem guardada no passado. O poder de compra foi restabelecido.
Quando a produção de chocolates teve um aumento considerável, Sofia e Hélder já estavam lá. Deixaram até mesmo a nova cozinha da casa onde viviam e abriram uma chocolateria. Lá, atendiam clientes que, por estarem satisfeitos e bem informados, sempre pediam alguma coisa a mais. Inclusive uma lista de produtos, um cartão ou algum folheto para levarem a casa onde iriam almoçar no próximo domingo ou entregar aos seus convidados. Uma ótima lembrança.

*Rubens Marchioni é redator publicitário, trabalha com a ABR Ateliê de Artes Gráficas e gosta da ideia de fazer parcerias para vencer a crise.